A introdução da técnica de Osteointegração para a reabilitação de amputados de membros inferiores representa um marco significativo para o Brasil, colocando o país na vanguarda dos procedimentos inovadores e destacando o compromisso dos profissionais brasileiros com avanços na medicina. A técnica, conhecida como Osteo ou Osseointegração, envolve a inserção de uma endoprótese porosa de titânio na cavidade medular do osso, integrando-se estrutural e funcionalmente em um curto período. A endoprótese é exteriorizada transcutaneamente, permitindo uma fixação rígida da prótese ao osso, um resultado bastante alusivo ao conceito de “homem biônico” cujo um ou mais membros são acoplados por meio de cirurgias.
Precisamos ressaltar que essa não é uma técnica nova no mundo, mas que só chegou ao Brasil no ano passado, trazida pelo ortopedista oncológico Dr. Marcelo Souza. A primeira cirurgia no Brasil aconteceu em abril de 2022 no Hospital do Câncer do Câncer de Pernambuco. A cirurgia, que já vem sendo realizada no exterior por cerca de 3 décadas, chegou ao Brasil graças ao protagonismo e iniciativa do Dr. Marcelo Souza e do fisioterapeuta e protesista, Thiago Bessa. Em Minas Gerais realizamos a primeira cirurgia de osteointegração em outubro deste ano, no Hospital da Baleia, em Belo Horizonte. Ao trazerem a técnica ao Brasil, esses profissionais posicionaram o Brasil na vanguarda da medicina regenerativa e da reabilitação ortopédica, abrindo caminho para novos horizontes tanto para os pacientes amputados quanto para a comunidade médica e para o mercado de prótese e órteses, além de apresentar aos amputados do país mais uma alternativa às próteses tradicionais de encaixe.
A amputação de membros inferiores não apenas altera a anatomia e função do membro, mas também impõe impactos significativos nas capacidades profissionais, sociais, recreativas e na qualidade de vida dos pacientes. A abordagem convencional, utilizando próteses tradicionais de encaixe, embora tenha sido a norma global na reabilitação, apresenta limitações substanciais, evidenciadas por estudos que revelam desconforto, feridas, dificuldades de locomoção e dor residual.Para superar essas complicações, a Osteointegração surge como uma inovação revolucionária nas últimas três décadas. Este novo conceito transforma completamente a interface entre a prótese e o coto de amputação, ancorando a prótese diretamente ao osso remanescente.
A Osteointegração, consolidada em diversas áreas da medicina, apresenta vantagens significativas. A eliminação do encaixe tradicional proporciona maior estabilidade, conforto ao sentar, melhora da mobilidade e facilita o engate e desengate da prótese. Além disso, a técnica melhora a osteo-percepção e osteo-propriocepção, permitindo uma marcha mais segura e aumentando a consciência espacial do paciente.
No entanto, é essencial considerar as desvantagens, como a necessidade de intervenção cirúrgica e um processo de reabilitação potencialmente mais longo, especialmente em casos de osteoporose local no coto.. A indicação criteriosa da técnica inclui pacientes com problemas em próteses convencionais, maturidade esquelética completa, anatomia esquelética normal e histórico médico adequado. Outro fator de extrema importância é a reabilitação do paciente osteointegrado. O processo de reabilitação é essencial para garantir o sucesso total do procedimento e nisso o Brasil também vem se destacando com a atuação de especialistas em reabilitação de osteointegrados.
O futuro da reabilitação de amputados pode residir na Osteointegração, proporcionando uma perspectiva promissora para aqueles que buscam uma vida plena após a amputação Logo, a implementação bem-sucedida da técnica posiciona o Brasil nesse caminho e destaca seu compromisso com a excelência na saúde, promovendo um ambiente propício para o avanço científico e a melhoria contínua da qualidade de vida dos amputados. É um avanço e uma conquista para todos nós, sobretudo para os amputados que aguardam uma oportunidade para ter mais mobilidade e qualidade de vida.